Proteção Civil - ICCP&S'23

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O segundo dia da Conferência Internacional foi dedicado à Proteção Civil

O segundo dia da 5.ª Conferência Internacional de Proteção Civil ficou marcado pela presença de seis oradores e especialistas na área da Proteção Civil, o tema do dia.

A sessão foi iniciada por Paulo Gil Martins, Diretor da Escola de Gestão, Engenharia e Aeronáutica que sublinhou o papel, cada vez mais importante, da proteção civil em catástrofes causadas pelas mudanças climáticas: “Vivíamos, até há pouco tempo, num mundo que se caracterizava como volátil, incerto e ambíguo. Passamos a viver, de repente, num mundo frágil, ansioso, não-linear, incompreensível e disruptivo, marcado por mudanças constantes que as comunidades estão a viver e onde a população anseia cada vez mais pela garantia de segurança”. Paulo Gil Martins enfatiza o papel da proteção civil como meio para garantir a segurança comunitária, especialmente durante desastres naturais “os impactos devastadores dos desastres naturais causados pelo Homem dão especial relevância ao sistema de proteção civil”, acrescentou ainda.

Cristina Ventura, Presidente do Instituto Superior de Educação e Ciências - ISEC Lisboa, iniciou o seu discurso recorrendo ao seu conhecimento na área da ciência e interligou-a com a proteção civil. A Presidente ressalvou que o conhecimento científico é extremamente importante para a “validação da realidade, a antecipação dos fenómenos e dos comportamentos naturais e humanos, só se consegue por via do conhecimento científico e, portanto, por via da ciência”. No final do seu discurso e para sublinhar que a ideia de proteção civil e ciência são dois conceitos que se devem unir para uma sociedade melhor e mais segura, afirmou ainda: “uma proteção civil adequada à nossa sociedade, não pode estar desconectada da ciência. O fim último da ciência é o bem-estar das pessoas, o progresso das sociedades e, em última instância, a proteção do planeta. Por consequência, é absolutamente imperioso que esta interligação entre a proteção civil e a ciência, a interação entre os agentes da proteção civil e os cientistas se torne rotineira e cotidiana.", constatou.

Neste 2º dia da conferência que foi dedicado à Proteção Civil foram discutidos temas como European and Mediterranean Major Hazards Agreement; Os Sistemas Vitais, Riscos Sistémicos e Vulnerabilidade Social; O Papel do Mecanismo de Proteção Civil da União na Europa e no Mundo; A Contribuição dos Cabos Submarino para o Alerta Precoce de Sismos e Tsunamis; Riscos Psicossociais em Acidentes Aéreos, com moderação da Professora Doutora Ana Paula Oliveira>, docente e investigador do ISEC Lisboa e de tarde a cargo de Professor Doutor Manuel João Ribeiro, docente do ISEC Lisboa e coordenador do mestrado em Riscos e Proteção Civil.

Krzysztof Zyman, Secretário Executivo do Programa Riscos Maiores do Conselho da Europa, apresentou o European and Mediterranean Major Hazards Agreement (EUR-OPA) celebrado em 1987 criado pela União Europeia para promover a cooperação governamental em situações de calamidade e emergência. O acordo celebrado com países da Europa e do Sul do Mediterrâneo conta com 22 membros sendo o seu principal objetivo a cooperação, proteção e prevenção em caso de desastres naturais.

O orador ressalva “a luta contra a degradação do clima e as alterações climáticas é uma das principais prioridades do quadro estratégico do Conselho da Europa. A EUR-OPA oferece respostas a estes desafios com base nos valores do Conselho da Europa que são a democracia, os direitos humanos, o estado de direito na participação democrática”, sublinhou.

José Manuel Mendes, investigador do Centro de Estudos Sociais e docente universitário na Faculdade de Coimbra apresentou o tema Sistemas Vitais, Riscos Sistémicos e Vulnerabilidade Social. Numa nota introdutória e recorrendo ao humor, o orador fez uma comparação entre a obra de René Magritte - Memórias de uma Viagem (1995) e a situação de Portugal durante a pandemia que assolou o mundo inteiro “Simboliza como as coisas são instáveis e frágeis, mas uma pena pode contribuir para a estabilização do sistema”, esclareceu. Recorrendo às estatísticas, o orador apresentou o número de mortes ocorridas, devido a desastres naturais, entre 1900 e 2019 enfatizando que “a preocupação atual são os custos económicos dos desastres”. José Manuel Mendes, trouxe para cima da mesa o conceito de “nacionalismo sanitário” caracterizado pelas medidas de prevenção adotadas durante a pandemia COVID-19.

A sessão da tarde foi aberta por Cláudia Pinto, Coordenadora da equipa do programa ReSist - uma estratégia para tornar a cidade de Lisboa e todos os edifícios que a compõem mais seguros e resistentes à atividade sísmica. “No fundo, uma necessidade de definir uma estratégia que tivesse por base a definição de medidas para promover a resiliência sísmica”, afirma. Esta apresentou, ainda, os objetivos estratégicos como, por exemplo, a clarificação e normalização das leis tornando-as mais explícitas e acessíveis a todos. “Temos trabalhado muito a legislação existente para simplificar e clarificar alguns pontos em que a mesma é omissa”, reforçou. Aliadas às medidas de promoção de resiliência sísmica, Cláudia Pinto destacou o papel importante da proteção civil na definição de vias de emergência e/ou evacuação para eventuais colapsos de edifícios.

Ana Freitas, chefe da Divisão de Desenvolvimento Organizacional e Relações Internacionais falou sobre o Papel do Mecanismo de Proteção Civil da União na Europa e no Mundo, explicando que foi necessária a constituição de um órgão que fosse “capaz de antever, prevenir e responder a situações de catástrofes que ultrapassam a nossa capacidade de intervenção” cujo principal objetivo seria o reforço e a cooperação entre a União e os Estados-Membros a fim de melhorar os sistemas de prevenção, preparação e respostas a desastres naturais ou de origem humana.

Luís Matias, investigador e docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e no Instituto Dom Luiz escolheu o tema Contribuição dos Cabos Submarino para o Alerta Precoce de Sismos e Tsunamis que, segundo o orador, atuam como o mecanismo de alerta para catástrofes naturais. “Precisamos de sensores em alto-mar”, atirou Luís Matias uma vez que, segundo os estudos apresentados, estes têm um maior alcance do que a tecnologia atualmente utilizada. “A mensagem é enviada depois de cinco estações terem disparado positivamente e, portanto, prevêem a ocorrência de uma vibração forte”, explicou. Embora o uso desta tecnologia seja financeiramente pesada, o orador salienta que, como o seu alcance é maior, é possível salvar vidas.

Renata Bueno, gestora de Resposta a Emergência e Assistência Humanitária na TAP elucidou todos os presentes sobre o tema Riscos Psicossociais em Acidentes Aéreos. O foco da sua apresentação incidiu nos procedimentos que uma companhia aérea deveria efetuar após um desastre aéreo. A oradora salientou que os primeiros socorros psicológicos aos familiares são faseados e constituídos por oito etapas, desde o contacto com as famílias afetadas oferecendo ajuda psicológica até à articulação com os serviços colaborativos. Abordou também o processo de luto, afirmando que “cada pessoa emocionalmente ou cognitivamente trata o seu luto de uma forma diferente”. No final da sua apresentação, referiu ainda quais os diferentes papéis dos meios de socorro, enfatizando o papel da Polícia na investigação do acidente.

Se pretender assistir à conferência de dia 29, na íntegra, assista AQUI.



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