28 Março 2024 - 14h30(BR) / 17h30(PT)
Ph.D. em Sociologia (State University of New York - Binghamton - 1989), é Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Investigador Permanente do Centro de Estudos Sociais tendo sido um dos seus co-fundadores em 1978. Foi coordenador científico dos Programas de Doutoramento em "Sociologia" e em "Sociologia: Cidades e Culturas Urbanas". Colaborou como co-coordenador da Rede Brasil-Portugal de Estudos Urbanos. A sua investigação tem-se centrado em temas urbanos, designadamente nas áreas da cultura, das identidades, do turismo e dos territórios e patrimónios locais. Foi Delegado Nacional junto da Comissão Europeia para as Ciências Sociais (6º Programa Quadro – Prioridade 7) e membro do Board of Directors da Comissão Fulbright em Lisboa (2001-03). Foi também Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (1998-2002) e membro do Comité Executivo da Associação Internacional de Sociologia (2002-06). Os seus interesses de investigação repartem-se pelas questões de cultura urbana, patrimónios e memória urbana, identidades, turismo e imagem das cidades. É autor de vários livros e publicações, com títulos conhecidos como: "Simmel: A Estética e a Cidade" (Coimbra, Imprensa da Universidade,2010)(Org.); Diálogos Urbanos (Coimbra, Almedina, 2013) (Org.) e Cultura, Formação e Cidadania (Lisboa, GEPAC; 2015). Em 2020 foi distinguido ex-aequo com o Prémio Análise Social (2020), pelo artigo "O mundo social do ruído. Contributos para uma abordagem sociológica", publicado na revista Análise Social do ICS-UL | Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Esta palestra trata das sensibilidades existenciais que mobilizam os sentidos e a corporeidade dos sujeitos como mecanismos essenciais do entendimento das urbanidades. Com a pandemia, assistimos a um inusitado silenciamento das cidades que deu origem a uma agorafobia particular que cobriu a “máquina de habitar” de medos e fobias. Ao lado dos sons e silêncios das cidades quero discutir também algumas hipóteses de tratamento sociológico da banal e universal respiração em contextos urbanos. Mas também como comer e beber são modalidades de “consumir o mundo”, marcadas por decisões e escolhas de classe. Aborda-se também o significado dos odores urbanos e como aquilo que se cheira hoje na cidade não foi nunca tão artificial. Tocar é também uma sensibilidade especial que condiciona a relação dos sujeitos com os espaços urbanos. A variedade dos sentidos que se discute mostra que a cidade pode ser percebida com o corpo inteiro e não apenas com o hegemónico sentido da visão. As referências teóricas básicas que sustentam esta intervenção são contributos de H. Lefebvre (Production of Space), M. Mauss (Sociologia e Antropologia) e M. Merleau-Ponty (Le visible et l’invisible). As referência literárias, por sua vez, partem de Alberto Caeiro que afirma “... penso com os olhos e com os ouvidos; E com as mãos e os pés; E com o nariz e a boca…